A crise na política afeta o agronegócio?

O Brasil está vivendo, nos últimos anos, um dos períodos de maior turbulência política já vistos na história do país. As manobras políticas que vem sendo realizadas, os escândalos de corrupção que emergiram, as delações e denúncias envolvendo diversos partidos e figuras políticas, são notícias já cotidianas. O ano de 2018 iniciou com grandes acontecimentos e a previsão é de que os eventos não vão parar por aí. Às vésperas de eleições presidenciais, o cenário continua instável e essa situação afeta os mais diversos segmentos.

O agronegócio brasileiro é hoje um dos setores da economia brasileira com maior representatividade no que se refere às negociações internas e externas realizadas. Apesar das grandes turbulências já vivenciadas, o setor se manteve relativamente estável e lucrativo, sendo um dos responsáveis por segurar a economia do país durante a crise. Vale destacar que o agronegócio representa a fonte de distribuição de 21% do PIB e de 21% do emprego. No entanto, apesar da força que possui, não está livre de ser afetado pelas inúmeras reformas e escândalos, pelo contrário, com as novas lideranças que irão surgir, os rumos do agronegócio ainda são incertos.

Para aqueles que serão candidatos a cargos públicos em 2018, é inegável que será necessário um olhar cuidadoso para a área do agronegócio no Brasil, e todos os produtores devem estar atentos às propostas dos candidatos ao setor. É um momento importante, pois dessas eleições podem sair propostas positivas para o crescimento da economia, como podem também surgir restrições de apoio governamental à área. Todos os países que recebem nossos produtos de exportação, como os Estados Unidos e a China, por exemplo também estão em situação de expectativa.

No que se refere à área fiscal, o investimento realizado até aqui não pode ser considerado expressivo por parte dos órgãos públicos para o crescimento do setor. Faltam políticas de desenvolvimento bem estruturadas que deem devida atenção à inovação em ciência e tecnologia e ao desenvolvimento sustentável. Projetos e aplicação prática de recursos para as áreas de risco, controle de pragas e doenças e fiscalização sanitária. Investimentos necessários e que merecem destaque nas pautas políticas que estão por vir, pois os mercados mundiais estão cada vez mais sofisticados e competitivos. A agricultura e o agronegócio dependem também do incentivo e da promoção de políticas públicas, que favoreçam os pequenos produtores, tais como: sistema de crédito rural e os financiamentos de projetos agrícolas e pecuários.

Precisam também de maior estabilidade no que se refere ao incentivo dos órgãos estatais para licenciamentos de empreendimentos e a certificação sanitária, como o Serviço de Inspeção Federal que atua nas indústrias de processamento de carne. De fato, é um ano para prestar atenção nas propostas, aproveitando as oportunidades de crescimento que delas podem surgir. O campo já foi bastante esquecido pela política, de forma geral, no entanto a retomada para o crescimento dependerá de um a maior valorização desse setor, e essa resposta positiva pode estar nas urnas de 2018.

Há ainda outras pautas em negociação que poderão afetar o desenvolvimento do mercado, como a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Com as negociações a respeito da reforma da previdência paradas, o clima ainda é de incerteza, pois essas mudanças estarão nas mãos de outros governantes. De fato, há necessidade de reformular a previdência, resta saber se as novas proposições levarão em consideração a vida das pessoas que vivem do campo e se conseguirão realizar essa manobra de forma justa e igualitária, sem agravar as questões sociais. Já as perspectivas em relação às reformas trabalhistas já ocorridas são boas, uma vez que facilitaram a contratação de trabalhadores para a área rural e, consequentemente, diminuíram as taxas de desemprego.

É um ano para se manter atento e continuar trabalhando para que a crise não seja um fantasma a atingir também o agronegócio. Há um potencial imenso a ser explorado, portanto todas as iniciativas de desenvolvimento precisam estar bem estruturadas. O campo, certamente, será centro de discussões e projetos nas eleições que se aproximam.