Até o momento, a pecuária em 2022 foi definida pela manutenção da alta do preço do boi gordo. As razões para o aumento do valor dessa commodity em 2021 são atribuídas a redução de oferta no campo e aumento da demanda internacional. Enquanto brasileiros manifestaram insatisfação com patamares recordes de preço da carne, a China importou parte significativa da produção nacional em virtude dos efeitos provocados pela pandemia Covid-19.
A segunda metade do ano não indica qualquer mudança nesse cenário devido a escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia no Leste Europeu. Ambos os países são grandes produtores de commodities cujas ofertas estão sujeitas ao aumento da demanda de abastecimento interno, a disrupções de suas cadeias logísticas e a pressões inflacionárias decorrentes de sanções econômicas internacionais.
Rússia e Ucrânia produzem milho, trigo, petróleo, gás natural e, o mais importante para a cadeia produtiva do agronegócio, fertilizante. Estima-se que 20% do fertilizante Nitrato, Fósforo e Potássio importados pelo Brasil vêm da Rússia. A escassez de fertilizante deve forçar uma redução de oferta ainda maior no campo, contribuindo com a inflação de preços nos setores de alimentos, bebidas e indústria de consumo, ameaçando a segurança alimentar de países pouco autossuficientes.
Além do mais, a escassez de petróleo, e consequentemente de combustível, deve encarecer ainda mais o frete ao longo de toda cadeia de produção pecuária no país. Os custos de produção elevados devem, segundo a Embrapa, postergar qualquer possibilidade de queda do preço da carne ao consumidor final brasileiro. Por outro lado, esse momento não reduziu o apetite norte-americano e chinês pela proteína animal brasileira terminada. O mês de abril viu o crescimento recorde de exportações de carne de 26,6% em relação ao mês de março.
O produtor de gado de corte brasileiro deve buscar soluções para gerenciar ao máximo a inflação em seu processo produtivo. Com custos de produção cada vez mais elevados, cada centavo é importante. Conhecer e saber identificar onde estão os pequenos custos e otimizar a margem engordando mais seus animais com menor investimento será o desafio de 2022. Poucos foram os momentos em que o pecuarista foi pressionado dessa forma a otimizar eficiência produtiva.
Substituir os cadernos de anotações e a caneta por um sistema de gestão pecuária é o primeiro passo em direção a precisão produtiva para se extrair o máximo da criação de gado de corte. Adequar um modelo de gestão analógico à um de administração digitalizada permite adquirir e coletar dados que apoiam melhores e mais rápidas tomadas de decisão.
A tecnologia no campo ainda traz um dos mais rápidos retornos sobre investimento ao produtor rural que deseja prosperar apesar de um cenário macroeconômico tão conturbado.